Revista destaca papel dos bioinsumos na conservação dos recursos naturais e na agricultura sustentável
- alexandrequeiroz41
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Publicação da Esalq/USP reúne pesquisas, dados e inovações que posicionam o Brasil na vanguarda da produção e regulamentação de bioinsumos

A nova edição da revista Visão Agrícola, lançada pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP), dedica suas 96 páginas ao tema dos bioinsumos — produtos biológicos que vêm transformando a agricultura mundial e ganhando protagonismo no Brasil. A publicação, disponível on-line e de acesso gratuito, reforça a importância do uso de microrganismos, fungos e bactérias como aliados no manejo agrícola e na conservação dos recursos naturais, ao mesmo tempo em que evidencia o papel de liderança científica e tecnológica da Esalq na construção de uma agricultura mais resiliente, eficiente e sustentável.
“A agricultura sustentável emerge como um dos maiores desafios do século 21”, afirma no editorial a diretora da Esalq, Thais Maria Ferreira de Souza Vieira, destacando que a instituição atua na vanguarda da transição para sistemas agroalimentares equilibrados, produtivos e de baixo impacto ambiental.
Bioinsumos e segurança ambiental
Entre os destaques da edição está a reportagem “Protagonista dos bioinsumos: Brasil lidera em pesquisa, produção e consumo”, que analisa o crescimento expressivo do setor e os avanços trazidos pela Lei nº 15.070/2024, o novo marco legal dos bioinsumos.A legislação — aprovada em dezembro de 2024 — estabelece diretrizes claras para produção, registro e uso desses produtos biológicos, consolidando o país como referência mundial em regulamentação e inovação sustentável.
Segundo o texto, o Brasil se destaca não apenas pela força de seu agronegócio, mas também por ter investido de forma contínua em pesquisa científica e desenvolvimento tecnológico, por meio de instituições públicas e privadas, que transformaram conhecimento em soluções práticas para o campo.Esses avanços incluem ganhos diretos em controle biológico de pragas e doenças, fertilidade do solo, redução de custos e melhoria da qualidade ambiental.
Pesquisa, ensino e extensão na fronteira da inovação
Ao longo de sua trajetória, a Esalq tem sido protagonista na geração de conhecimento científico em ciências agrárias. De acordo com a diretora, a atuação da escola vai além da pesquisa de ponta: integra ensino e extensão para formar profissionais preparados para lidar com os desafios da sustentabilidade e disseminar tecnologias agrícolas inovadoras.
Entre as linhas de pesquisa destacadas estão o manejo integrado de pragas, a agricultura de precisão e o uso racional de recursos naturais, com foco na manutenção da biodiversidade e na substituição gradual de insumos químicos por alternativas biológicas.
“Os estudos conduzidos na Esalq têm gerado avanços significativos no uso de agentes biológicos — microrganismos, fungos e bactérias — com impactos expressivos desde a saúde dos solos até a qualidade dos alimentos”, destaca Thais Vieira.
Crescimento do setor e dados de mercado

A revista também apresenta um panorama detalhado da expansão global e nacional dos bioinsumos. Em artigo assinado por Alessandro Cruvinel, Valéria Martins e Marcus Vinícius Segurado Coelho, os autores apontam que esses produtos representam uma alternativa estratégica aos insumos químicos, contribuindo para a redução de resíduos nos alimentos e para a autonomia tecnológica do país, com geração de emprego, renda e desenvolvimento local.
Atualmente, o aplicativo Bioinsumos, desenvolvido pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e pela Embrapa, registra mais de 700 produtos aprovados no Brasil — desde biofertilizantes e biopesticidas até inoculantes e extratos vegetais. Dentre esses, um terço utiliza fungos entomopatogênicos, conhecidos como bioinseticidas ou micoinseticidas, eficazes no controle biológico de insetos e ácaros.
O crescimento do setor também se reflete em números de mercado. Segundo o artigo “Bioprotetores têm capacidade de proteger plantas sem matar nenhum organismo”, de Wagner Bettiol, o mercado global de biocontrole movimentou US$ 8,2 bilhões em 2023 e deve atingir US$ 25,7 bilhões até 2030, com taxa de crescimento anual superior a 17%. No Brasil, a área tratada com agentes de biocontrole cresceu 65% em três anos, superando 58 milhões de hectares na safra 2023/2024, impulsionada pela adoção de bionematicidas, que já superaram os nematicidas químicos em uso no campo.
Agricultura sustentável e bioeconomia
A edição de Visão Agrícola evidencia como o avanço dos bioinsumos reforça a convergência entre agricultura, ciência e bioeconomia, alinhando-se a metas de sustentabilidade e descarbonização do setor produtivo. Ao substituir produtos químicos por alternativas biológicas, o campo se torna mais competitivo, reduz a dependência de importações e se posiciona como protagonista na transição agroecológica global.
“A inovação tecnológica é o pilar central dessa transformação — ela permite equilibrar produtividade e preservação dos recursos naturais”, reforça a diretora da Esalq.
A revista completa está disponível gratuitamente em formato digital no portal da Esalq.📖 Leia a edição especial Visão Agrícola – Bioinsumos.
