Novo mapa detalhado evidencia potencial do solo brasileiro para estocar carbono
- alexandrequeiroz41
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Estudo da USP aponta que práticas agrícolas sustentáveis podem transformar o Brasil em protagonista global na mitigação das mudanças climáticas

Um mapa de alta resolução elaborado por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) traz informações inéditas sobre a capacidade dos solos brasileiros de reter carbono. A pesquisa reforça a urgência de expandir práticas agrícolas sustentáveis que, além de manterem a produtividade, possam contribuir de forma decisiva para a mitigação das mudanças climáticas.
O solo como aliado climático
O estudo mostra que os solos do país apresentam grande potencial de sequestro de carbono, sobretudo em áreas agrícolas. A retenção desse elemento no solo não apenas reduz a concentração de dióxido de carbono na atmosfera, como também melhora a fertilidade e a resiliência dos sistemas produtivos.

De acordo com os pesquisadores, a adoção de práticas como plantio direto, uso de culturas de cobertura, integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e recuperação de pastagens degradadas pode ampliar significativamente o estoque de carbono. Essas técnicas já vêm sendo discutidas em projetos nacionais e internacionais voltados à agricultura de baixo carbono. “O estudo teve como objetivo elaborar o primeiro mapa global de solos em alta resolução, nesse caso, 90 metros, combinando observações de satélite, dados de campo e inteligência artificial”, afirma o professor Raul Roberto Poppiel, um dos coordenadores do projeto.
Agricultura sob análise
O mapeamento indica que áreas com manejo intensivo e pouco diversificado tendem a liberar mais carbono do que estocar. Isso ocorre porque a remoção contínua da cobertura vegetal e o uso excessivo de insumos químicos reduzem a matéria orgânica do solo.
Por outro lado, regiões que adotam sistemas integrados e práticas conservacionistas apresentam saldo positivo, acumulando carbono no solo e gerando benefícios ambientais e econômicos.
Relevância para políticas públicas e mercado de carbono
Além de seu valor científico, o mapa pode servir de base para a formulação de políticas públicas de agricultura sustentável. O detalhamento em alta resolução permite identificar áreas prioritárias para recuperação ambiental e orientar investimentos em mercados de carbono, que vêm crescendo no Brasil.
Com dados mais precisos, torna-se possível certificar práticas agrícolas que de fato contribuem para reduzir emissões de gases de efeito estufa e valorizar produtores comprometidos com sistemas regenerativos.
Conexões com pesquisas em andamento
A publicação também dialoga com iniciativas mais amplas de centros de pesquisa da USP, como o STAC, que desenvolve diagnósticos e tecnologias para ampliar a sustentabilidade agrícola, com o CCARBON que vem desenvolvendo estudos para mapear as pegadas de carbono na agricultura e o RCGI, voltado a soluções em mitigação de gases de efeito estufa.
Todos os centros reforçam que a integração entre ciência, políticas públicas e setor produtivo será essencial para que o Brasil explore seu potencial como líder mundial em estratégias de baixo carbono.
Fonte: Jornal da USP