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Mariangela Hungria: a cientista que economiza bilhões ao Brasil e reduz emissões na agricultura

  • alexandrequeiroz41
  • 18 de ago.
  • 2 min de leitura

Pesquisa pioneira em fixação biológica de nitrogênio gera bilhões de dólares em economia, reduz emissões e coloca o Brasil como referência mundial no uso de insumos biológicos


Mariangela Hungria da Cunha
Dra. Mariangela Hungria da Cunha: Vencedora do Prêmio Nobel da Agricultura em 2025. Créditos: Estadão.

Pioneirismo científico e impacto global


Natural de Itapetininga (SP), a microbiologista Mariângela Hungria tem contribuído para mudar a história da agricultura brasileira. Seu trabalho com fixação biológica de nitrogênio (FBN) gera uma economia anual de cerca de US$ 40 bilhões (mais de R$ 220 bilhões) em adubos químicos e evita a emissão de 180 milhões de toneladas de CO₂ por ano. Sem essa tecnologia, o país precisaria importar milhões de toneladas de fertilizantes nitrogenados, elevando custos e aumentando a dependência externa.


A técnica revolucionária


Na produção de soja, carro-chefe da pauta de exportações brasileiras, o nitrogênio é essencial, mas os solos tropicais são pobres nesse nutriente. Foi aí que Mariângela, junto a outros pesquisadores, ajudou a consolidar a técnica da fixação biológica de nitrogênio, que consiste em aplicar bactérias benéficas (rizóbios) nas sementes.


Esses microrganismos formam nódulos nas raízes e permitem que as plantas capturem nitrogênio do solo e da atmosfera, aumentando o crescimento e a produtividade sem a necessidade de fertilizantes químicos caros e poluentes.

fixação biológica de nitrogênio
Nódulos em raízes de soja, marcas da fixação biológica de nitrogênio. Créditos: Mais soja.

Além da soja, a técnica foi expandida para outras culturas como o feijão (com ganhos de até 25% na produtividade) e o milho, onde bactérias aplicadas diretamente nas folhas ajudam a fixar o nutriente.


Impacto no campo


Graças ao amplo uso da FBN, o Brasil saltou de 15 milhões de toneladas de soja nos anos 1980 para mais de 170 milhões de toneladas atualmente, consolidando-se como líder mundial na adoção de bioinsumos agrícolas.


O efeito vai além da economia: a redução no uso de fertilizantes nitrogenados evita emissões significativas de gases de efeito estufa, contribuindo para o combate às mudanças climáticas e reforçando a imagem do país como potência agrícola sustentável.


Reconhecimento internacional


Mariangela Hungria da Cunha
Aos 67 anos, Mariangela tornou-se a quarta brasileira a conquistar o prêmio desde sua criação, em 1986. - Créditos: BBC

O impacto de sua pesquisa foi reconhecido em 2025, quando Mariângela Hungria recebeu o World Food Prize, considerado o “Prêmio Nobel da Alimentação”.

Embora a premiação seja de US$ 500 mil, valor expressivo, ela é simbólica diante dos bilhões de dólares que seu trabalho já trouxe para o Brasil e para a segurança alimentar global.


“Sempre pensamos em produzir com sustentabilidade, mas com altos rendimentos, porque precisamos garantir comida para todos, recuperando a saúde do solo e mantendo a competitividade”, destacou a cientista.

Uma visão de futuro


Para Mariângela, a agricultura deve seguir combinando produtividade, sustentabilidade e inovação tecnológica. A ampliação do uso de microrganismos benéficos no campo é parte de uma transição necessária para reduzir dependência externa de insumos, melhorar a saúde dos solos e combater a fome mundial.


Seu legado reforça que ciência e agricultura caminham juntas para garantir que o Brasil seja não apenas celeiro do mundo, mas também exemplo de produção sustentável.


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