Conectividade avança no campo e abre caminho para um agro mais sustentável
- alexandrequeiroz41
- há 2 dias
- 3 min de leitura
Grandes produtores e iniciativas estratégicas ampliam o acesso à internet no meio rural, enquanto projetos de pesquisa e inclusão buscam levar benefícios também a pequenas propriedades

A expansão da internet no campo está deixando de ser um desafio distante para se tornar realidade em muitas regiões do Brasil. O avanço tem sido puxado principalmente por grandes produtores rurais e empresas do agronegócio, que reconhecem na conectividade uma ferramenta essencial para a gestão produtiva, a adoção de tecnologias digitais e a inserção competitiva do país no cenário global.
Segundo dados recentes, quase 85% dos estabelecimentos rurais já possuem algum nível de conexão, seja por meio de redes móveis ou soluções de satélite. Esse crescimento, no entanto, ainda é desigual: propriedades de grande porte concentram a maior parte dos investimentos, enquanto agricultores familiares e regiões mais remotas enfrentam limitações de custo, infraestrutura e capacitação.
Tecnologia em prol da sustentabilidade
O acesso à internet no campo tem sido determinante para práticas que vão desde o monitoramento de máquinas agrícolas até a coleta de dados para uso mais racional de insumos. Sensores de solo, estações meteorológicas digitais, softwares de gestão e plataformas de rastreabilidade dependem de conectividade estável para funcionar de forma integrada.
Pesquisas apontam que o uso dessas tecnologias pode gerar redução significativa no consumo de água e fertilizantes, além de aumentar a eficiência energética, contribuindo para metas de sustentabilidade. Um levantamento do Ministério da Agricultura indica que a digitalização pode reduzir em até 20% o custo médio de produção em determinadas cadeias produtivas.
Desafios para ampliar o acesso
Apesar dos avanços, o Brasil ainda apresenta grandes lacunas. O Censo Agropecuário do IBGE mostra que mais da metade das pequenas propriedades não têm conexão adequada para operar soluções digitais. Além da distância dos centros urbanos, fatores como a baixa rentabilidade e a falta de políticas públicas direcionadas tornam a conectividade rural um desafio estratégico.
Iniciativas como o Programa Norte Conectado, do governo federal, e parcerias público-privadas vêm buscando reduzir essa desigualdade. Empresas de telecomunicações, em conjunto com cooperativas e associações de produtores, estão testando modelos de redes compartilhadas, além do uso de tecnologias alternativas como satélites de baixa órbita (LEO), capazes de cobrir áreas isoladas com custos mais acessíveis.
A visão do STAC
O Centro de Agricultura Tropical Sustentável (STAC/USP) tem destacado que a conectividade rural não é apenas uma questão tecnológica, mas também de inclusão social. Projetos como o Semear Digital, desenvolvidos em parceria com a Embrapa, mostram como a internet pode aproximar pequenos e médios produtores de mercados de carbono e de ferramentas de monitoramento ambiental.
Além disso, ressalta-se que a conectividade é essencial para levar conhecimento técnico ao campo, por meio de plataformas de capacitação online, assistências virtuais e extensão digital. Essa infraestrutura pode ser decisiva para ampliar a competitividade da agricultura familiar e promover segurança alimentar em bases sustentáveis.
Caminhos para o futuro
A conectividade rural será um dos principais eixos de transformação do agronegócio na próxima década. A expectativa é que, com o barateamento das tecnologias digitais e a expansão de redes 5G, pequenos e médios produtores passem a integrar de forma mais efetiva esse movimento.
A consolidação da agricultura digital depende, portanto, de um esforço conjunto: investimentos privados, políticas públicas consistentes e iniciativas de pesquisa e extensão que permitam ao Brasil reduzir a desigualdade tecnológica no campo.
Fonte: Globo Rural