Manejo de cana-de-açúcar pode aumentar sustentabilidade no setor sucroenergético
- alexandrequeiroz41
- 29 de jul.
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Estudo da Esalq/USP avalia impacto climático e estratégias para reduzir óxido nitroso na produção de cana

O setor sucroenergético brasileiro, vital para a matriz energética nacional e a economia agrícola, pode se tornar ainda mais sustentável com práticas de manejo adequadas. É o que aponta o estudo conduzido pela engenheira agrônoma Emily Aquino Leite, na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP), que analisou como diferentes cenários climáticos interferem na produtividade da cana-de-açúcar e nas emissões de gases de efeito estufa, em especial o óxido nitroso (N₂O).
Com base em modelagens como o Samuca (para produtividade) e o Cury (para emissões), a pesquisa constatou que o aumento da concentração de CO₂ atmosférico pode, por um lado, favorecer a fotossíntese da cana-de-açúcar, elevando sua produtividade em até 10%. Por outro lado, há um alerta: as emissões de N₂O — gás com potencial de aquecimento global 300 vezes superior ao do CO₂ — podem crescer entre 5% e 30%, dependendo do manejo adotado.
Desafios ambientais e oportunidades de mitigação
A pesquisa destaca o papel da palhada deixada no campo após a colheita como um fator de risco. Apesar de essencial para a cobertura do solo, em excesso, a palha retém umidade e favorece a atividade microbiana que libera óxido nitroso. A pesquisadora sugere que parte desse material possa ser redirecionado à produção de etanol de segunda geração (2G), promovendo um equilíbrio entre conservação do solo e redução das emissões.
Além disso, a aplicação de fertilizantes nitrogenados deve ser repensada. Temperaturas elevadas aumentam as perdas de nitrogênio para a atmosfera, o que reforça a importância do uso eficiente de insumos e do planejamento técnico no campo.
Modelagem como ferramenta para políticas e tomada de decisão
A modelagem computacional utilizada na pesquisa permite simular cenários futuros e avaliar estratégias que conciliem ganhos produtivos com metas de descarbonização. Isso é especialmente relevante diante da urgência da transição energética e da crescente demanda por produtos agrícolas sustentáveis.
Segundo Emily Leite, o Brasil tem uma vantagem competitiva na produção de cana-de-açúcar, mas precisa garantir que sua expansão não ocorra à custa de maior impacto ambiental. “Sustentabilidade não pode ser apenas produtividade; é preciso considerar a conservação dos recursos naturais e a mitigação das emissões”, reforça.
O trabalho se soma a outros estudos desenvolvidos na Esalq/USP e em centros como o CCARBON/USP e STAC/USP, que vêm consolidando a bioeconomia de baixo carbono como um dos pilares da agricultura tropical sustentável.
Fonte: USP Sustentável



