IoT otimiza certificação sustentável de cafeicultura familiar
- alexandrequeiroz41
- 9 de abr.
- 3 min de leitura
Atualizado: 14 de abr.
Tecnologia desenvolvida pela Embrapa Agricultura Digital visa agregar valor à produção e tornar o processo de certificação mais acessível e eficiente

A cafeicultura familiar e mecanizada do Brasil está prestes a dar um salto tecnológico com a aplicação da Internet das Coisas (IoT) para otimizar processos de certificação da sustentabilidade, especialmente em duas importantes regiões produtoras: Caconde (SP) e Paraguaçu (MG). A iniciativa é liderada pela Embrapa Agricultura Digital, com financiamento do Consórcio Pesquisa Café, e visa transformar dados agrícolas em indicadores confiáveis para rastreabilidade e certificação de boas práticas.
Segundo a pesquisadora Célia Grego, líder do projeto, os sensores IoT integrados a modelos estatísticos e geoestatísticos permitirão o monitoramento em tempo real de variáveis como solo, água e plantas. Isso viabilizará uma avaliação contínua das lavouras, especialmente em fases críticas do ciclo do café, auxiliando produtores de pequeno e médio porte a atingirem padrões de certificação com maior facilidade.
“Queremos promover a inclusão digital dos cafeicultores, simplificando a certificação e aumentando a competitividade da produção sustentável”, destaca Célia Grego.
🌐 O que é IoT e por que ela está revolucionando a agricultura?
A Internet das Coisas (IoT) refere-se à conexão de dispositivos físicos à internet para coletar e trocar dados automaticamente. Na agricultura, sensores IoT monitoram variáveis ambientais e operacionais em tempo real, otimizando o uso de recursos e melhorando a produtividade.
📈 Como a IoT contribui para a agricultura:
Gestão inteligente da irrigação e uso racional da água
Monitoramento do microclima e previsão de riscos de pragas ou doenças
Acompanhamento de produtividade e nutrição do solo
Rastreamento da produção para fins de certificação e exportação
De acordo com a FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação), o uso de tecnologias digitais como a IoT é fundamental para alcançar metas de sustentabilidade, segurança alimentar e adaptação climática nas cadeias produtivas.
🌱 Certificação baseada em dados: agilidade e transparência
O projeto também prevê a tokenização de dados sensíveis — tecnologia que confere mais segurança, transparência e rastreabilidade às informações coletadas nas propriedades. O modelo será validado ao longo de dois anos, com foco em agricultura de precisão e manejo hídrico eficiente.
As ações se concentram em duas frentes:
Cafeicultura familiar de montanha, na região de Caconde/SP, onde as propriedades são menores e de difícil mecanização.
Cafeicultura mecanizada, em Paraguaçu/MG, representativa de áreas com produção intensiva e tecnologia de ponta.
Essas regiões são também polos do programa Semear Digital, coordenado pela Embrapa com apoio da Fapesp, que promove a transformação digital no campo.
“Vamos transferir os resultados, metodologias e aplicativos diretamente aos produtores, capacitando agentes multiplicadores e fortalecendo a adoção de boas práticas”, afirma Grego.
☕ Café certificado: mais que qualidade, gestão e renda
A Fazenda Santa Cruz, no sul de Minas Gerais, é um exemplo bem-sucedido de adoção da certificação. Há 14 anos, sua produção é certificada — um diferencial que trouxe benefícios além da imagem de qualidade.
“A certificação organiza a gestão da fazenda. Os treinamentos em uso de defensivos, condições de trabalho e rastreabilidade agregam valor e melhoram a renda mensal da família”, destaca Josiane Moraes da Silva, produtora e parceira no projeto.
Ela reforça que o custo de implantação se paga com o retorno obtido, já que a saca de café certificada recebe um valor superior no mercado.
📊 Agricultura de precisão e zoneamento intra-talhão
O novo projeto se baseia em dados obtidos em ações anteriores, como o projeto Agricultura de Precisão em Café, encerrado em 2024. Nele, foram mapeadas três safras em fazendas do sul mineiro, com análises detalhadas sobre:
Solo e relevo
Índices de vegetação
Produção e microclima
Essas informações permitiram identificar variações dentro dos talhões, antes tratados de forma uniforme, possibilitando um manejo diferenciado e mais eficiente.
“Com altas temperaturas na florada, a planta pode florescer e não vingar. Ao monitorar dados climáticos e agronômicos, é possível ajustar práticas como a renovação da área”, explica Josiane.
O uso de IoT na agricultura reforça o compromisso do Brasil com a produção sustentável, a inclusão digital no campo e a valorização do pequeno e médio produtor. Com acesso a dados em tempo real, técnicas de precisão e integração digital, os cafeicultores poderão conquistar certificações com mais agilidade, confiabilidade e retorno econômico.
☕🌿 A agricultura digital não é mais o futuro — ela já está nas lavouras de café do Brasil.