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Folhas de café: resíduos agrícolas transformados em tecnologia sustentável

  • alexandrequeiroz41
  • há 3 dias
  • 2 min de leitura

Nanopartículas obtidas a partir de folhas descartadas do café podem ser aplicadas na saúde, no tratamento de água e na fabricação de dispositivos eletrônicos biodegradáveis

folhas de café
Diferencial do estudo foi utilizar as próprias moléculas presentes nas folhas de café para fabricar as nanopartículas, em um processo de "síntese verde" - Créditos: Barista Magazine online

Em um avanço que conecta agricultura, sustentabilidade e inovação tecnológica, pesquisadores do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP) desenvolveram um processo capaz de transformar folhas de café descartadas em nanopartículas de óxido de zinco — estruturas microscópicas com alto potencial de aplicação nas áreas de saúde, meio ambiente e tecnologia.


O estudo, realizado em parceria com cientistas internacionais, foi publicado na revista Scientific Reports, do grupo Nature, e apresenta uma solução inovadora de “síntese verde”, um método limpo e de baixo custo para a produção de materiais avançados.


Sustentabilidade desde a origem


Igor Polikarpov
Professor Igor Polikarpov - Foto: Researchgate

O diferencial da pesquisa está em utilizar as próprias moléculas bioativas das folhas de café para fabricar as nanopartículas, dispensando produtos químicos tóxicos comumente usados na indústria. Essa rota biotecnológica reduz custos, impactos ambientais e amplia o aproveitamento de resíduos agrícolas — uma alternativa relevante para o Brasil, maior produtor mundial de café.


As folhas, normalmente descartadas após o processamento dos grãos, contêm compostos antioxidantes e fenólicos que atuam como agentes naturais de síntese. A partir delas, os cientistas conseguiram obter nanopartículas multifuncionais capazes de combater microrganismos, degradar poluentes e armazenar dados eletrônicos.


“Estamos diante de uma inovação que une sustentabilidade e tecnologia. É possível transformar resíduos agrícolas em soluções para desafios globais”, afirma o professor Igor Polikarpov, pesquisador do IFSC e autor correspondente do estudo.

Aplicações tecnológicas


Nos testes laboratoriais, as nanopartículas mostraram alta eficiência contra bactérias como Staphylococcus aureus e Escherichia coli, duas das principais responsáveis por infecções hospitalares. Esse resultado abre caminho para o desenvolvimento de novos agentes antimicrobianos, especialmente em um contexto de crescente resistência bacteriana.


O estudo também identificou o potencial das partículas para tratamento e descontaminação de água. Sob luz ultravioleta, elas foram capazes de degradar corantes utilizados na indústria têxtil — substâncias conhecidas por poluir rios e mananciais.Essa propriedade fotocatalítica indica que as nanopartículas podem ser aplicadas em estações de tratamento de efluentes ou em tecnologias de purificação ambiental de baixo custo.


Nanotecnologia verde


Além dos avanços em saúde e meio ambiente, o grupo explorou as possibilidades na área de tecnologia eletrônica biodegradável.Ao integrar as nanopartículas de café com quitosana — um biopolímero obtido de cascas de crustáceos —, os pesquisadores criaram um dispositivo de memória chamado bioReRAM, capaz de armazenar informações com desempenho comparável ao de memórias convencionais, mas com menor impacto ambiental.


O bioReRAM representa um passo importante em direção à computação verde, campo emergente que busca substituir materiais tóxicos e não recicláveis por alternativas sustentáveis na indústria eletrônica.


Segundo Polikarpov, o projeto mostra como a bioeconomia pode gerar inovação científica e renda no campo. Se ampliada para a escala industrial, a tecnologia pode beneficiar pequenos e médios agricultores, agregando valor a resíduos agrícolas e reduzindo o desperdício.


Artigo completo, aqui.


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