Microrganismos da Amazônia revelam potencial agrícola e farmacêutico
- alexandrequeiroz41
- 18 de set.
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Pesquisas destacam actinobactérias amazônicas capazes de gerar bioinsumos agrícolas e compostos antibacterianos inéditos

Pesquisas conduzidas na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP) demonstraram que microrganismos da floresta, especialmente as actinobactérias, apresentam grande potencial para aplicações na agricultura e na área farmacêutica.

A bióloga e doutora em microbiologia agrícola, Naydja Moralles Maimone, dedicou sua tese ao estudo do perfil metabólico, genômico e antimicrobiano de diversas linhagens isoladas na Amazônia brasileira. Entre elas, duas se destacaram pela versatilidade e relevância:
Streptomyces sp. AM25 – com grande potencial para o desenvolvimento de bioinoculantes. Nos experimentos, essa linhagem promoveu o crescimento de plantas de milho e produziu metabólitos com atividade antifúngica, mostrando-se promissora para uso em sistemas agrícolas sustentáveis.
Streptantibioticus sp. AM24 – considerada uma produtora prolífica de metabólitos de estruturas pouco usuais, incluindo aminoácidos modificados. Dessa linhagem foram isolados dois compostos inéditos da classe das acidifilamidas, sendo que um deles apresentou uma modificação nunca antes registrada em metabólitos produzidos por microrganismos. Além disso, demonstrou atividade antibacteriana significativa, reforçando sua aplicabilidade no desenvolvimento de novos fármacos.
Agricultura sustentável e controle de doenças
Os resultados do estudo evidenciam o potencial da microbiota amazônica na geração de bioinsumos agrícolas, que podem reduzir a dependência de fertilizantes químicos e defensivos agrícolas. Em culturas como o milho, a aplicação de inoculantes derivados dessas bactérias pode aumentar a produtividade ao mesmo tempo em que melhora a saúde do solo, favorecendo a agricultura regenerativa.

De forma complementar, a pesquisa também amplia horizontes para a área farmacêutica. A descoberta de compostos inéditos abre espaço para a criação de novos antibióticos, algo especialmente relevante diante da crescente resistência bacteriana.
Segundo a pesquisadora, essas descobertas reforçam o valor estratégico da biodiversidade brasileira:
“Contribuímos para enaltecer o enorme potencial que a microbiota amazônica possui de gerar ativos úteis para a nossa sociedade”, afirma Naid Morales.
Os trabalhos desenvolvidos na USP fazem parte de uma linha crescente de estudos que buscam transformar a riqueza natural da Amazônia em soluções inovadoras para a agricultura sustentável e para a saúde global.
O desafio, agora, está em ampliar os testes de campo e estabelecer parcerias que permitam transformar os resultados científicos em tecnologias acessíveis a produtores rurais e à indústria farmacêutica.
Fonte: FAPESP



