A segurança alimentar é uma das principais questões enfrentadas globalmente, e o papel do G20 na reformulação dos sistemas alimentares é essencial para mitigar a fome no mundo.
O G20, fórum internacional de cooperação econômica fundado em 1999, é uma plataforma que reúne as maiores lideranças globais para debater temas fundamentais ao desenvolvimento socioeconômico mundial. Sob a presidência brasileira neste ano, o Rio de Janeiro recebe eventos importantes como o Urban 20 (U20), o G20 Social e a Cúpula dos Líderes do G20.
Entre os principais assuntos em discussão estão a inclusão social, combate à fome, mudanças climáticas e a reforma das instituições globais de governança. Segundo especialistas, isso requer políticas voltadas para a sustentabilidade, como a redistribuição de subsídios agrícolas para práticas mais sustentáveis e a promoção de tecnologias que aumentem a eficiência do uso da terra. Durante a presidência do Brasil, o tema da segurança alimentar deverá ocupar uma posição central nas discussões do grupo.
O Brasil enfrenta desafios significativos: em 2022, mais de 125 milhões de brasileiros estavam em situação de insegurança alimentar, incluindo 33 milhões em fome extrema. Paralelamente, 26,8% da população adulta sofre de obesidade, conforme dados do IBGE. Globalmente, o cenário não é diferente: mais de 700 milhões de pessoas passam fome, enquanto dietas monótonas e alimentos ultraprocessados contribuem para a obesidade mundial. Este problema é agravado por sistemas alimentares ineficientes, que causam desperdício de recursos e prejudicam o meio ambiente.
Uma alternativa promissora para enfrentar esses desafios é o reaproveitamento de áreas de pastagem improdutivas. Transformar essas áreas em sistemas agroflorestais ou em terrenos para agricultura sustentável pode aumentar a produção de alimentos saudáveis e diversificados, reduzir a pressão sobre o meio ambiente e fortalecer as economias locais. Além disso, a diversificação de culturas agrícolas reduz a dependência de monoculturas, que são mais suscetíveis a pragas, mudanças climáticas e degradação do solo.
Os debates no G20 podem ser determinantes para incentivar mudanças nos sistemas alimentares e implementar políticas que favoreçam uma produção mais sustentável e uma distribuição justa. Para isso, é necessário integrar as preocupações ambientais, sociais e econômicas em um esforço global coordenado. Ao colocar a segurança alimentar no centro de suas decisões, o G20 pode redefinir os paradigmas globais, provando que é possível alimentar o mundo de forma sustentável.
Fonte: Jornal da USP